21/09/2010

Que culpa tenho eu?


O que se faz depois de um abraço?
Ficam marcas eternas
Marcas do calor pulsante que circula nas veias
Marcas do corpo ébrio oscilando em nuvens turvas
Marcas guardadas no cerne da memória
E que por mais distante que seja
Permanece, eternamente, com minudências
Que só um abraço se compõe
Através da tessitura de vozes
Que não ousam em se manifestar
preferem ouvir o som do coral
impregnado na magia do abraçar.

E é este o grande maestro
Regeu com sabedoria quais seriam os passos
Desta orquestra:
Primeiro se abraça e se encaixa
O corpo se finge de ingênuo
Se faz de criança na sua tenra inocência
e guarda contigo cada um os seus mistérios
Os seus desejos
Outrora se esbarram os braços
Se envolvem mais um instante
Sem jeito ainda
Sem muito entender
Se faz de incerto e de insano até
Mas não se pode compor o seu querer

Embora a noite
com presteza e sagacidade
perfila em gofrá-los
com som das vozes, a caricia do tempo
a alegria do encontro
promovido pelo êxtase do AGORA

E no desvendar deste encanto
Braços se cruzam
Talvez incertos ainda
Nem pressentiam o momento
Que estava por vir
Ou quem sabe traziam o guardado, desejado

Mas foi no encontro de toques
No silêncio das vozes
Que o coral se calou
Nem tenores, nem sopranos,
Nem baixos, nem contraltos
Cada naipe desconhecia sua melodia
e com isso a orquestra propôs
outro tom.

Um tom eufórico
Incontrolável
As vozes falavam outras línguas
Vozes de deuses
Com o som ao longe a
Anunciar a euforia
E na explosão dos corpos
Veio no assobiar do vento
A calmaria da noite
e a incerteza de um novo dia
Belo, completo e de encantos

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