18/01/2009

NINHAL DE GARÇAS

A negritude fosca do asfalto eleva o sertão. As marcas grosseiras das mãos humanas demonstram a sua destruição. Seus traços desconexos e incertos, suas linaridade obliqua, sua funcionalidade sem idade. Queria ele amparar os cantos, conduzir as vidas sem saidas, apenas conduzi-las sem dores e com os amores. A modernidade trouxe o progresso sendo o retorno ao passado mais presente que o encontro com o contemporâneo.


Ah, tarde de verão. Crespúsculo de um olhar, doce suor a umedecer as palavras, a cobrir a poeira de um sertão sem rumo, confuso e embalado de curvas e desvios. Onde chegarás?
Primeiro toque. Águas turvas, solo desértico de elevações contornadas pelas transmutação do homem em busca do seu vil alimento, do seu labor constante. O entardecer os perseguia, o sol corria brandamente em busca do escurecer da noite e o destino dos desbravadores do sertão nao se anunciava.

Na primeira parada, marcas da terra, pés vestidos de lama, um trabalho esguio apetecia seus desejos em um trabalho arduo de preencher o vazio com convulsoes telúricas. Em bora ali nao fosse ainda a parada. Continuaram, perante poeiras e pequenas poças de lama. o trasnporte resistia, mergulhava e embalava suas rodas. logo uma morada foi avistada e o acampamento montado, logo apoes o sussurrar das lamas e o cansaço dos bravos.


A tarde se despedia e do lado de uma lagoa que defrontava uma ilha, uma imagem impar: um cavalo atravessava, nandando com todas suas forças; dentre as águas apenas a sua cabeça inclinava, buscando o ar em meio a tamanho lago. Os insetos já se pareciam extasiados e demonstravam sua insatisfaçao com a presença humana.


Depois de tamanho cansaço, na escuridão da noite, o banho aliviaria as tensões. Em uma bancada, meio para acalentar as canoas os corpos se despiam e cobriam com o frescor d'água. Assim como os indios, os curumins em seus banhos acalentavam as tensões humanas e se cobriam com a presença do místico. O canto dos pássaros embalaram a noite, a dança dos insetos na única luz que iluminava o ambiente e o anoitecer sereno e tranquilo de um dia de aflições.


O sol acordava a todos, que em busca do que queriam, perceberam não encontrar. Levantaram acampamento e as margens do Velho Chico resolveram buscar o precioso peixe. Aquele nao era o dia da caça. Mas o dia das beldades naturais. As águas se contornavam em ciclos minusculos e singelos. As águas carregavam galhos soltos, seus braços buscavam o desconhecido a passear pelas suas imagens.


O rio ficou, o milharal com seus embalos também, a mangueira que conduziram-lhes ao Rio e serviu de assento e sorriso para uma criança arteira e as águas que trazem seus mistérios dessa vez nao tinha o que ofertar aos pescadores. Pegaram estrada, atolaram em uma poça, e a fome os perseguiam. Quando estarima em casa. Não aguentavam mais nem ver estradas esburacadas, eta sertão, mas de imediato uma imagem, a imagem. Num espaço considerável, a primeira vista eram árvore com flores alvas, mas logo se deteram e pasmos permaneceram: um ninhal de garça. Inúmeras árvores rodeadas de garças em seus ninhos, não era apenas uma, eram muitas que adjetivavam o ambiente e preenchiam os olhares. Algo simplesmente indescritivel.


Ai sim, nem as marcas dos mosquitos deteria tamanha satisfação, nem as lamas, tampouco os buracos de um sertão sem dono. Estavam sim imersos, avivados de poesia, de encantamento...