19/11/2010

Reflexos de um corpo em chamas


Lambuzar-se
Quando a vida estava silenciosa de momentos passava ela em uma música no pensamento, não sei se era noite ou dia, fui desenhando a sua geografia.
A face dela coladinho na sua face mostrou-se ao espelho que estava sem face e perdida naquela face.
O momento a fez pensar e sentir-se iluminada e refletida de cores e paixão com tremores no corpo, o rosto de excitação se descobre em outra face transfigurada no espelho que a reflete inteira naqueles corpos na banheira.
A tua boca grudada na boca dele e rasgaram-se as suas roupas. A noite já prepara a flor pro outro dia que vai nascer eu quero ver, e como uma borboleta grudada na sua flor.
Suas mãos lambuzadas nas suas curvas entreabertas e grudando polegar com o indicador, indicando ao médio onde se achar no poço de algum labirinto onde a temperatura média flutua os ares trancados antes a sete chaves que agora se abrem para os desejos com a senha de um beijo.
Desenrolaram-se desejos, embalaram amores, naqueles abraços nunca dados como uma bolha de sabão ali na mão.
Lua muito longe pra lá dos sentidos, aponta aquela aranha que emaranha, arranha e assanha esta lua de prata a te esperar na cadeia que prende, mata e assassina a minha sina.
Canta menina, canta que os males espanta, canta a volta de dentro do tempo no vento que vem e trás tudo por um segundo, dois era um, perdi a conta, premio de consolação tê-la em suas mãos.
Lembra que dizia: deixa de conversa fiada, venha fazer na pia, sentada na posição que se abria, no sonho que se gosta na boca que seca, e retesa lambuzando o pensamento.
Sua engrenagem escondeu o pequeno pássaro que vibrava mais que bicho grande, cálidas gotas corridas, caídas no túnel naquela campina.
Seus ouvidos ainda ouvem ao longe os sussurros ou gemidos de gritos partidos de alguma loba no cio que ainda causam arrepios no desenho que fez no gozo com a alegria sadia de tantos prazeres.
Na busca de espaços ela dizia: Envolvo-me nos seus laços em gostosos abraços. De muitos cansaços na procura.
O mistério dos meus contos é ter sentido tanto encanto e neste espaço aumenta o laço.
O poeta não tem casa, parece um pássaro sem asas, não tem sono, o chão é o pisar do abandono, no andar perde o passo, às vezes o laço se desfaz e de tanto ser bom, já não sabe se pedra é sabão, e por onde andar.
De tanto ver misérias, os ouvidos já não cumprem sua função: ouvir Desse antigo instante ficou a cor dos planetas, desfolhou os dedos, atiçou os seios, enroscou-se em seus cabelos. Depois você disse-me assim: Dei um pulo no escuro, e você não sabe o que quer, ou pensa que sabe. Desembrulhei-me e me entreguei. Virei-me do avesso dos pés a cabeça pra você. Que coisa louca é se dar de corpo e alma e sentir dentro de mim sua cabeça balançando e aprofundando nossa amizade. Sentimento nunca outro igual, poucos, loucos se MAM igual para além do bem ou mal de qualquer realidade na e crua. O mundo gira e você toca sua música no âmago do meu ser, sinto sua boca me transportando pra outra constelação e agarro as estrelas com a mão.

Um aprendizagem ou livro dos prazeres, Clarice

08/11/2010

Me curvo às palavras

Quem é esta que faz estremecer a mente que mente quando a lê? Quem é esta que fora do seu tempo nos faz pensar, fantasiar a vida nos enfeites que trás? É de quarenta, é de trinta ou já não importa mais a beleza estampada visível do ser? Quem vê diria é a beleza da sabedoria. A imagem é de endoidecer esquenta inverno nas metáforas bem construídas e a faz primavera no seu florir de encantos do seu ser. Confundindo estações do ano, me engano. Ah, o vento que sopra aqui será o mesmo que sopra lá? Se fosse iria cantar aquela canção. Misturar as fantasias que trás nas vestes desenhadas do seu ser, em doces alegrias nas vestes elaborados dos versos que faz. Pra que mentir se o ver é o querer, afastar não é deixar de sentir. O que podes oferecer só a mim e a ninguém mais, por mais que queiras dar, eu não podendo compartilhar é aos anjos que vão louvar, porque a outro não conseguirás. O sentir é viver mesmo que não seja o conviver. Ah dizem que é coisas da poesia.

07/11/2010

Por que não nasceste no tempo certo para que enroscar em ti?

Desejos de poeta

Podes não estar, podes me faltar, só não podes me negar, mesmo me negando os meus desejos vão te escrafunchar.