31/03/2009


cidade dos amores...
Amanhece ao desce da serra, um despenhadeiro contorna a visão preliminar de uma cidade escondida por trás da poluição O concreto do asfalto se perfila em lineares formas, outrora curvas sinjuosas, persistentes também nas indagações de dois seres afastados pelo destino, embora neste momento unidos por um surto de teimosia.

o tempo compôs esta melodia e nada como uma manhã ensolarada para esfriar as mãos gelidas, ou senão aquecer o calor dos corpos, caso fosse preciso. Será que seria? Nem esta indagação era possível de uma resposta. Nada sabiam, além da ceteza de enfrentar o nada.

Enfim, os freios anunciaram o prelúdio, o movimento intenso de corpos em busca de seus objetivos, cada qual indiferente da certeza da busca particular de cada um. As malas trazem memórias de um passado e desejam escrever novas sinfonias. Os caminhos se descrevem em tentáculos. E aquela menina perdida e também ousada, decidi se abrir para um mundo novo.. Poderia se perder naquela multidão de almas, poderia ser roubado os seus pensamentos, tudo poderia acontecer, embora não imaginasse que depararia com um leitor andante e seu livro em mãos. De imediato, ela o reconheceu "era ele". Um andar compassado e inquieto, essa era sua certeza ao acompanhá-lo. "Será que ele irá deixá-la a sua espera?" Descumprindo os seus passos, ele retornou e agora vinha em sua direção. Colocou a mão no bolso a procura de algo, não foi preciso. O seu campo de visão preencheu o seu dia.

Não sabiam mais como se comportar. Uma cidade em chamas: carros, ônibus gritantes, um barulho ensurdecedor de um trânsito desumano, mãos geladas, talvez sinal do inversno característico. O sangue corrompia cada veia no embalo do trânsito, persisitia ambos paralelos neste aglomerado de homens.. O fervor das chams, o solo desértico dos lábios, o acalentar dos medos num abraço.

A poesia se refez novamente, em versos decassílabos, cada qual com sua tonicidade imanente, intensa e como foi intensa. Compraz em ti, cidade esplendorosa, narrar em versos as canções desta manhã. e nas alturas de um número par, da avenida dos consolos, consolar os amores , personagens do meu canto. Dedilhar nas cordas do violão as notas certas da composição poética e melodiosa de um tempo escrito em poemas e desejado em sinfonias.

Um comentário:

irineu xavier cotrim disse...

buscando o infinito no finito. O tempo não se dobra, não se gasta.
Fugir do real é enfeitar a realidade?
Entre o dia do parto e do fim, todos os dias são meus.
Meu caminho é de pedra. Estou de joelhos. como posso sonhar?
me quiseram rastejando. levantei-me.
Aprendi a escutar o tempo, e soltar a vóz.
Há tempo de plantar e tempo de colher(3,3 eclesiastes).
O que passou não conta?
O passado é o presente, interiorizaram as idéias dominantes, que naõ percebem o que pensam,mas não podem apagara memória. Ou podem?